Meu filho Heitor
Ontem meu filho fez 15 anos. De manhã, quando fui abraça-lo e dar os parabéns ele perguntou por que era tão importante 15 anos. Não adiantou nada dizer que era um rito de passagem e blá blá bla´...ele retrucou rápido..."se eu fosse um espartano aí sim, mataria um leão (ou um lobo, sei lá o que ele disse), e seria então considerado um homem."
Meu filho Heitor. Muito difícil dizer qualquer coisa a ele. Desde que aprendeu a falar que contesta tudo, tem sempre uma resposta pronta. Minha querida amiga Moacira, uma das que adotei como mãe, chamava Heitor de profetinha desde que ele era pequenininho Por causa destas coisas. Destas respostas prontas e afiadas. Oh! sujeitinho antipático. Não posso falar nenhuma das besteiras que as mães gostam de falar para os filhos...
Só me resta ficar feliz por ele ser o que é. Não posso nem cuidar de educa-lo. Ele já está. Formar valores? ele já os tem. Que longa vida parece ter vivido meu filho. Me ensina mais do que aprende.
Quando nasceu fomos escolher o nome. Queríamos algum que não fosse tão comum (eu principalmente por estar cansada de dizer Cristina não sei de quem ou não sei de onde. Pois que tantas Cristinas no mundo). Pensei então no Heitor de Troia. O irmão menos famoso de Páris, ladrão de Helena de Menelau. Marcílio no Heitor do Trenzinho Caipira e das Bachianas.Um vizinho, vítima do pouco caso de nosso país pela educação o chamava de Leitor. Mas profeticamente, pois foi o que ele se tornou. Tentei bastante quando ele era pequeno. Haja livrinho de banheira, livrinho de desenhos, livrinho de não sei mais o que. E ele já gostava de fingir que estava lendo (vai ver que estava e eu é que não entendia sua leitura). Fotos de Heitor "lendo" gibi no banheiro. Fotos de Heitor "lendo" revista na sala de espera do dentista, até que finalmente o gosto pela leitura se manifestou livremente, (demos ainda mais um empurrãozinho assinando a Turma da Mônica com seus gibis de Magali até Chico Bento e a revista Recreio com seus brinquedos de brinde). Dei pra ele o livro de Stephen Hawking George e o Segredo do Universo. Fim da estória. O garoto não parou mais de ler e haja prejuízo. Ele lê um livro em uma semana no máximo. E já quer outro. E ainda cobra " você sempre disse que livros não contam como presente e posso ler quantos quiser". Azar o meu. Livros custam muito caro neste país. Mas é Heitor. Meu filho. Tenho orgulho dele por tudo que ele é. Desde pequeno, o conciliador. O que resolvia as brigas entre os coleguinhas (e se mete até hoje nas brigas pra resolver). O favorito das outras mães (ainda hoje). Meu filho. Saído de mim. Meu filho e filho de Marcilio. O melhor de nós dois. Meu anjo, meu amor, meu pequeno profeta. Ele não tem a menor noção do que significa posse. Não liga e nunca ligou para o que possui. Seus brinquedos eram partilhados. Quebravam, perdiam, levavam. Pra ele não tinha a menor importância. O que valia era brincar. Estar com os amiguinhos. Ganhou presente? ótimo. Não ganhou? nem se dava conta. E ainda não se dá. Para meu filho Heitor o que vale é passar o tempo com os amigos. O que eles têm a lhe dar não importa. Importa o que ele tem a dar pra eles. Ou o que pode receber que não se mede. Afeto, atenção, tempo gasto junto. Lembro que numa aula de judô, ainda bem pequeno, Heitor fez muito mal os exercícios para mudança de faixa. Reclamei pra caramba pois sabia que ele podia fazer melhor. Ele falou que fez de propósito porque o amigo dele não conseguia fazer os exercícios direito ( soube depois que o garoto tinha um problema sério nos pés por conta de uma queimadura que sofreu), e ele não queira passar na frente do amigo. Ele desacelerou o passo pra esperar o amigo. Que vergonha senti. Me senti pequena diante dele. Querendo que ele mostrasse seus dotes. E tudo que ele queria era olhar para o lado e não para trás.
Passa muito tempo sozinho também. No computador. Assiste os animes, os videos de gaiatos da internet, joga. Esquece do mundo. Ri sozinho. Gargalha. Fico tão feliz ao ouvir suas gargalhadas. Ás vezes até esqueço que ele está ali. E suspeito que ele esquece de si mesmo. Bom ou ruim não sei. Dizem que muito tempo na internet faz mal aos nossos filhos. Não parece fazer mal ao meu. Ele está bem. Nem precisei fazer um bom trabalho. Ele se fez sozinho. Meu filho. Gosta de Raul Seixas, de Vinicius de Moraes, de Renato Russo e de Nando Reis. Gosta do que eu gosto e nem se importa (filhos gostam de negar os pais). A gente conversa, ri, "tira onda". A gente se gosta e se respeita. Ele me ouve e eu o ouço. Eu Heitor e Marcílio. Somos sim uma família feliz.
Feliz aniversário meu filho querido. Que Deus te abençoe e te mantenha como você é.
Cristina e Marcílio, pais de Heitor.
Meu filho Heitor. Muito difícil dizer qualquer coisa a ele. Desde que aprendeu a falar que contesta tudo, tem sempre uma resposta pronta. Minha querida amiga Moacira, uma das que adotei como mãe, chamava Heitor de profetinha desde que ele era pequenininho Por causa destas coisas. Destas respostas prontas e afiadas. Oh! sujeitinho antipático. Não posso falar nenhuma das besteiras que as mães gostam de falar para os filhos...
Só me resta ficar feliz por ele ser o que é. Não posso nem cuidar de educa-lo. Ele já está. Formar valores? ele já os tem. Que longa vida parece ter vivido meu filho. Me ensina mais do que aprende.
Quando nasceu fomos escolher o nome. Queríamos algum que não fosse tão comum (eu principalmente por estar cansada de dizer Cristina não sei de quem ou não sei de onde. Pois que tantas Cristinas no mundo). Pensei então no Heitor de Troia. O irmão menos famoso de Páris, ladrão de Helena de Menelau. Marcílio no Heitor do Trenzinho Caipira e das Bachianas.Um vizinho, vítima do pouco caso de nosso país pela educação o chamava de Leitor. Mas profeticamente, pois foi o que ele se tornou. Tentei bastante quando ele era pequeno. Haja livrinho de banheira, livrinho de desenhos, livrinho de não sei mais o que. E ele já gostava de fingir que estava lendo (vai ver que estava e eu é que não entendia sua leitura). Fotos de Heitor "lendo" gibi no banheiro. Fotos de Heitor "lendo" revista na sala de espera do dentista, até que finalmente o gosto pela leitura se manifestou livremente, (demos ainda mais um empurrãozinho assinando a Turma da Mônica com seus gibis de Magali até Chico Bento e a revista Recreio com seus brinquedos de brinde). Dei pra ele o livro de Stephen Hawking George e o Segredo do Universo. Fim da estória. O garoto não parou mais de ler e haja prejuízo. Ele lê um livro em uma semana no máximo. E já quer outro. E ainda cobra " você sempre disse que livros não contam como presente e posso ler quantos quiser". Azar o meu. Livros custam muito caro neste país. Mas é Heitor. Meu filho. Tenho orgulho dele por tudo que ele é. Desde pequeno, o conciliador. O que resolvia as brigas entre os coleguinhas (e se mete até hoje nas brigas pra resolver). O favorito das outras mães (ainda hoje). Meu filho. Saído de mim. Meu filho e filho de Marcilio. O melhor de nós dois. Meu anjo, meu amor, meu pequeno profeta. Ele não tem a menor noção do que significa posse. Não liga e nunca ligou para o que possui. Seus brinquedos eram partilhados. Quebravam, perdiam, levavam. Pra ele não tinha a menor importância. O que valia era brincar. Estar com os amiguinhos. Ganhou presente? ótimo. Não ganhou? nem se dava conta. E ainda não se dá. Para meu filho Heitor o que vale é passar o tempo com os amigos. O que eles têm a lhe dar não importa. Importa o que ele tem a dar pra eles. Ou o que pode receber que não se mede. Afeto, atenção, tempo gasto junto. Lembro que numa aula de judô, ainda bem pequeno, Heitor fez muito mal os exercícios para mudança de faixa. Reclamei pra caramba pois sabia que ele podia fazer melhor. Ele falou que fez de propósito porque o amigo dele não conseguia fazer os exercícios direito ( soube depois que o garoto tinha um problema sério nos pés por conta de uma queimadura que sofreu), e ele não queira passar na frente do amigo. Ele desacelerou o passo pra esperar o amigo. Que vergonha senti. Me senti pequena diante dele. Querendo que ele mostrasse seus dotes. E tudo que ele queria era olhar para o lado e não para trás.
Passa muito tempo sozinho também. No computador. Assiste os animes, os videos de gaiatos da internet, joga. Esquece do mundo. Ri sozinho. Gargalha. Fico tão feliz ao ouvir suas gargalhadas. Ás vezes até esqueço que ele está ali. E suspeito que ele esquece de si mesmo. Bom ou ruim não sei. Dizem que muito tempo na internet faz mal aos nossos filhos. Não parece fazer mal ao meu. Ele está bem. Nem precisei fazer um bom trabalho. Ele se fez sozinho. Meu filho. Gosta de Raul Seixas, de Vinicius de Moraes, de Renato Russo e de Nando Reis. Gosta do que eu gosto e nem se importa (filhos gostam de negar os pais). A gente conversa, ri, "tira onda". A gente se gosta e se respeita. Ele me ouve e eu o ouço. Eu Heitor e Marcílio. Somos sim uma família feliz.
Feliz aniversário meu filho querido. Que Deus te abençoe e te mantenha como você é.
Cristina e Marcílio, pais de Heitor.
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